Pular para o conteúdo principal

Intimidade entre Música e Cueca

Escutar música é o mesmo que vestir cueca. Cada um tem sua gaveta de cuecas e, por mais que sejam da mesma cor, marca, tamanho, qualidade e tenham o mesmo furinho no rabo, cada dono tem a sua com seu “fedorzinho” próprio e guardada na sua gaveta com o pegador quebrado.

Cada música tem suas particularidades e cada ouvido escuta estas particularidade de forma peculiar e única. Assim também, a cueca tem suas características próprias e cada bunda a utiliza de uma forma, algumas deixam a calça cair e a cueca visível, outras engolem um pouco da cueca no meio do buraco...

Ninguém tem as mesmas cuecas e as utiliza da mesma forma. Ninguém recebe as mesmas músicas do mesmo jeito. Ninguém troca suas cuecas por outras e nem suas músicas de MPB por tecno-brega. Podemos comprar mais cuecas diferentes e mais músicas diferentes e ainda substituir as antigas, mas seremos os únicos a tê-las.

O som das minhas cuecas é muito particular e a cor das minhas músicas é singular. Por isto, não se atreva, nunca, a tirar minhas cuecas ou minhas músicas de perto de mim, a não ser que isto se justifique por algo mais prazeroso. Nos dois casos.

Comentários

  1. Realmente, João... pensando bem, acho que tem razão... por outro lado, o bom da vida é diversificar... um dia de cueca box, se for mais apertada toca sertanejo, se for meio rasgada toca rock'n roll... se for samba canção, quem sabe MPB... mas ouvir vários tipos de música, ajuda a ampliar seus horizontes!

    Abçs,
    Diogo.

    ResponderExcluir
  2. Ah João, vc é incrível. Essa comparação foi sinistra rs... Mas olha que tem gente que troca MPB por tecnobrega, como trocar a cueca confortável e nova por aquela rasgadinha e apertada rsrs. Mas cada um com seus gostos musicais e cada um com seus gostos cuecais...

    ResponderExcluir
  3. João João.

    Seu texto demonstra sua evolução, no meu ponto de vista, em relação à sua escrita. Foi sucinto, claro, usou coisas do dia-a-dia; comunicativo.

    Parabéns!

    Quanto as cuecas e a música, eu uso todo tipo de cueca, menos a fio dental - suponho que seja desconfortável, rs.

    Grande Abraço.

    ResponderExcluir
  4. Bela comparação! Parabéns pelo texto, seu lindo!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Uma lição de um Desaguar: a profissionalização do ator

A 13ª Mostra Desaguar do Centro de Educação Profissional em Artes Basileu França, que apresentou os espetáculos teatrais de formatura de alunos-atores nos dias 18 a 22 de novembro de 2014, me mostrou um pouco do que talvez eu apenas suspeitasse durante meus dois anos de estudo neste Teatro-Escola e me recordou importantes referências vivas e cotidianas durante meu processo de formação. Na verdade, sou especialista de generalidades humanas. Estudo comunicação e teatro, coisas que todo mundo nasce fazendo, coisas sem as quais a humanidade não seria. Atividades profissionais que sempre causam controvérsias burocráticas. O jornalismo perde seu diploma e todo mundo já fez 'teatrin'. Meu pêndulo balança muito para a comunicação popular e para o teatro do oprimido... Minha experiência até agora já me deu suficientes provas de que, como ferramentas pedagógicas, são libertadoras da condição humana. Por outro lado, meu pêndulo percebe o artista em si mesmo e sua investida profis

AUTODIAGNÓSTICO: Com toda beleza e abominação.

Todos prometem (e não cumprem) coisas no ano novo, eu não prometo nada. Como flecha de ano novo, encerro 2010 e inicio 2011 com meu autodiagnóstico, encerrando a série "Diagnósticos" do meu blog. Ficha Paciente: João Damásio da Silva Neto. Perfil: http://www.twitter.com/joaodamasio Idade: 19 anos. Cidade: Palmelo/Goiânia - GO. Ocupação: Acadêmico de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Restrições apresentadas: Egoísmo caótico que desregula a timidez. Prescrições: Nunca permitir mais de uma hora ociosa. Diagnóstico rápido: Antagonismo ao espelho. Diagnóstico completo (para quem ousa entender): Única regra para quem ler este diagnóstico: Tudo é mentira! Ora, como pode alguém se autodiagnosticar com sinceridade? Coisa de louco! Mas é minha obrigação, afinal fui ensinado a não julgar e estes diagnósticos mensais onde descrevo todo mundo nos ínfimos detalhes alcançados pela minha pouca visão não é menos que julgamento. Então, que pelo meno

Um momento sem existencialismo

Amo e contribuo com o ato simples das coisas que fogem ao regaço existencial, emocionando a pupila ao puxar uma lágrima lá do coração, desentupindo as veias, perfazendo o húmus do trabalho ou da ressaca - o suor ou a gordura - em matéria-prima-quase-irmã de objetivação do Ser, do Dasein. Quando um atraso, um copo quebrado, uma mancha na roupa, um furo na ceroula ou uma multigenia em crioula semente ocorre, incorre o vento que parte da borboleta para provocar um tsunami. A existência - ou o existencialismo - como rotina é tábua farpada sem velcros: sem o verniz sobre lisura nem a velha rustidão folclórica. Talha-se, porém, mandamentos em pedras, em areia, em madeira desde quando os media existem. As metáforas de aprendiz evidenciam o cobre pálido a represar ditados instintos: recalculados, racionalizados. Sofro sem silêncio o só com a voz do silêncio. Existo, para além das standnormalidades, paranóides de totem em pouca idade. A doença contagia o papel. Graças! Mas ainda há mais