Dois dias de festival em Goiânia. Sexta e sábado (22 e 23 de setembro). O segundo dia ainda virá, mas já é possível e necessário decretar o que foi essa 16° edição do Vaca Amarela, no Palácio da Música do Centro Cultural Oscar Niemeyer: ruídos, ineficiência e queda total dos equipamentos de som por repetidas vezes; inúmeros assaltos relatados no ambiente do festival, sem atendimento da produção; logística básica para o comércio de bebidas totalmente equivocada; atrasos, gafes e falta de profissionalismo da produção no palco; além de inúmeros problemas prévios de informação ao público.
O contraponto foi o talento, profissionalismo e empatia dos artistas diante do público e da (des)organização. Nem artistas, nem público mereciam o descaso e o despreparo da produção neste ano.
Pabllo Vittar é mesmo todo aquele furacão que foi noticiado no Rock in Rio. É uma cantora incrível, com performance única e sensível. Reergueu o show inúmeras vezes, mesmo depois de problemas com a abertura da cortina e de duas panes gerais nos equipamentos de áudio durante o começo do show.
Carne Doce (GO), a segunda atração mais esperada da noite, com público fiel presente, teve show reduzido a cinco músicas por atrasos da produção. Os pedidos de "mais um" não puderam ser atendidos pela banda.
Músicas interrompidas ou pouco audíveis foram a regra em shows como os das maravilhosas Bruna Mendes (GO) e Deb and the mentals (SP).
Houve algumas gafes, como quando o produtor João Lucas convidou o público para cantar "Todo dia", música judicialmente vetada dos shows de Vittar e foi repreendido pelo DJ da cantora no palco.
Mas, enquanto isso, algo grave se passava. Inúmeros assaltos foram relatados, nos ambientes internos ao festival, como os banheiros. Na saída do evento, pessoas denunciavam a situação e pediam ajuda sem encontrar ninguém da produção.
O local do evento, CCON, é grande e já abrigou vários festivais. Porém, por limitações colocadas pela gestão pública, o espaço aberto onde normalmente se passam os festivais não poderia ser utilizado agora. Foram preparados shows internos ao Palácio da Música. Isto é, algo que a produção certamente sabia desde o princípio, mas só comunicou pouco antes do evento.
O espaço, além de pequeno, certamente não teve sequer um profissional de logística em seu planejamento. Bares vazios porque era preciso adquirir fichas. Estavam disponíveis apenas seis filas de caixa para aquisição de fichas (quatro para cartão, duas para dinheiro) em locais apertados e sem sinalização. A propósito, muito demorados: perdi metade do show de Bruna Mendes e todo o show da Sapabonde (DF). Para compensar, tentei comprar fichas para os dois dias de festival - não pode, tem que pegar fila de novo.
A produção ficou muito aquém dos artistas e do público que mobilizou. A impressão que fica (parece que posso escutar essa fala numa reunião de produção do festival) é de que: "ah, é só trazer a Pabllo e colocar ela lá no palco, que o jogo tá ganho". Não. A forte tradição dos festivais alternativos (uns mais outros menos) em Goiânia não merece essa postura alheia da produção do Vaca Amarela. Vão alegar quão difícil é promover ações culturais por aqui, mas #sqn, não vem ao caso.
Enfim, não é assim que se faz um festival. Mas o problema mesmo é que nossos produtores culturais já sabem muito bem disso e fizeram isso aí.
O contraponto foi o talento, profissionalismo e empatia dos artistas diante do público e da (des)organização. Nem artistas, nem público mereciam o descaso e o despreparo da produção neste ano.
Pabllo Vittar é mesmo todo aquele furacão que foi noticiado no Rock in Rio. É uma cantora incrível, com performance única e sensível. Reergueu o show inúmeras vezes, mesmo depois de problemas com a abertura da cortina e de duas panes gerais nos equipamentos de áudio durante o começo do show.
Carne Doce (GO), a segunda atração mais esperada da noite, com público fiel presente, teve show reduzido a cinco músicas por atrasos da produção. Os pedidos de "mais um" não puderam ser atendidos pela banda.
Músicas interrompidas ou pouco audíveis foram a regra em shows como os das maravilhosas Bruna Mendes (GO) e Deb and the mentals (SP).
Houve algumas gafes, como quando o produtor João Lucas convidou o público para cantar "Todo dia", música judicialmente vetada dos shows de Vittar e foi repreendido pelo DJ da cantora no palco.
Mas, enquanto isso, algo grave se passava. Inúmeros assaltos foram relatados, nos ambientes internos ao festival, como os banheiros. Na saída do evento, pessoas denunciavam a situação e pediam ajuda sem encontrar ninguém da produção.
O local do evento, CCON, é grande e já abrigou vários festivais. Porém, por limitações colocadas pela gestão pública, o espaço aberto onde normalmente se passam os festivais não poderia ser utilizado agora. Foram preparados shows internos ao Palácio da Música. Isto é, algo que a produção certamente sabia desde o princípio, mas só comunicou pouco antes do evento.
O espaço, além de pequeno, certamente não teve sequer um profissional de logística em seu planejamento. Bares vazios porque era preciso adquirir fichas. Estavam disponíveis apenas seis filas de caixa para aquisição de fichas (quatro para cartão, duas para dinheiro) em locais apertados e sem sinalização. A propósito, muito demorados: perdi metade do show de Bruna Mendes e todo o show da Sapabonde (DF). Para compensar, tentei comprar fichas para os dois dias de festival - não pode, tem que pegar fila de novo.
A produção ficou muito aquém dos artistas e do público que mobilizou. A impressão que fica (parece que posso escutar essa fala numa reunião de produção do festival) é de que: "ah, é só trazer a Pabllo e colocar ela lá no palco, que o jogo tá ganho". Não. A forte tradição dos festivais alternativos (uns mais outros menos) em Goiânia não merece essa postura alheia da produção do Vaca Amarela. Vão alegar quão difícil é promover ações culturais por aqui, mas #sqn, não vem ao caso.
Enfim, não é assim que se faz um festival. Mas o problema mesmo é que nossos produtores culturais já sabem muito bem disso e fizeram isso aí.
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