Este texto informal é um primário convite à reflexão direcionado principalmente a pessoas envolvidas em causas sociais para que respondamos porque estamos sempre atrasados e insatisfeitos com os resultados de nossas conturbadas agendas políticas?
Apesar da pergunta intrigante, minha provocação maior deve vir no formato afirmativo. Trata-se da minha resposta a tal questionamento para aprofundar a reflexão além da habitual e indefinida acusação geral do sistema capitalista opressor como resposta fácil, o pão de cada dia que nutre as militâncias sofridas. Busco um olhar para dentro sem tirar o pano de fundo social.
Vou tentar ser sistemático em três hipóteses paralelas: Observo há algum tempo um fenômeno identitário referente ao nosso modo de ser nas organizações sociais e populares que estou chamando de "pessoas-instituições", fator correlato a um crescente pseudoenvolvimento que, como resposta, atrai um acúmulo de obrigatoriedade.
1. Um movimento, grupo, coletivo, rede, organização ou instituição contêm pessoas. O princípio da coletividade é a junção de muitas vontades individuais por um bem comum a todas. Contudo, em uma roda de apresentação de militantes ou pessoas engajadas socialmente percebe-se claramente o que chamo de "pessoas-instituições": cada um se identifica com inúmeros agrupamentos. O número de instituições ao qual sou vinculado torna-se pequeno perto do número de membros que uma dessas instituições vincula. É o fenômeno inverso do habitual, resultando em que eu (pessoa) é que integro as várias pautas (instituições).
2. O pseudoenvolvimento é a incapacidade de agirmos e nos envolvermos profundamente com algum de nossos muitos vínculos institucionais, que via de regra são voluntários. E quando não são voluntários (caso de educadores contratados ou liberados para a militância), a obrigatoriedade ganha tônus.
3. Quando assumo uma causa, me comprometo com ela. Se sou contratado, isso se torna um vínculo empregatício e a obrigação passa a ser totalmente aceitável, óbvia e útil. Contudo, falo de outro tipo de obrigação. Seja voluntária ou com percepção de renda, a pessoa engajada socialmente o faz por um forte desejo de transformação da realidade em que vive. Em determinado momento (que momento? me ajudem a descobrir), esse desejo transmuta em obrigatoriedade. Nossa identidade coletiva (instituições), percebe nosso pseudoenvolvimento e cobra veemente que, obrigatoriamente, nos envolvamos de fato. Ocorre que, quando as coisas se tornam obrigatórias elas perdem o sentido de militância e decaem para o nível de tarefas - consequentemente, e essa é a grande denúncia, torna-se um processo de alienação.
A postura que, avalio, me cabe adotar e sugerir até agora é o envolvimento por completo naquilo que integra minha identidade como pessoa-instituição (e não o que as instituições delegam por tabela), cedendo o que a civilização me solicita, mas rechaçando profundamente toda obrigação externa por meio de um caráter propositivo pessoal que compreende a necessidade de reunir em mim o que está disperso por conta da fragmentação nos movimentos populares, como nos setores e segmentos da sociedade (empresarial, governamental, filantrópico, religioso etc).
Esta última parte daria um outro texto sobre a fragmentação da identidade (remetendo à Stuart Hall) por conta dessa característica cultural pós-moderna. O que, para mim, por hora, pode ser combatido com o reforço de novas formações de identidade, que seguem o fluxo mítico da internet, para além da rede de computadores.
Apesar da pergunta intrigante, minha provocação maior deve vir no formato afirmativo. Trata-se da minha resposta a tal questionamento para aprofundar a reflexão além da habitual e indefinida acusação geral do sistema capitalista opressor como resposta fácil, o pão de cada dia que nutre as militâncias sofridas. Busco um olhar para dentro sem tirar o pano de fundo social.
Vou tentar ser sistemático em três hipóteses paralelas: Observo há algum tempo um fenômeno identitário referente ao nosso modo de ser nas organizações sociais e populares que estou chamando de "pessoas-instituições", fator correlato a um crescente pseudoenvolvimento que, como resposta, atrai um acúmulo de obrigatoriedade.
1. Um movimento, grupo, coletivo, rede, organização ou instituição contêm pessoas. O princípio da coletividade é a junção de muitas vontades individuais por um bem comum a todas. Contudo, em uma roda de apresentação de militantes ou pessoas engajadas socialmente percebe-se claramente o que chamo de "pessoas-instituições": cada um se identifica com inúmeros agrupamentos. O número de instituições ao qual sou vinculado torna-se pequeno perto do número de membros que uma dessas instituições vincula. É o fenômeno inverso do habitual, resultando em que eu (pessoa) é que integro as várias pautas (instituições).
2. O pseudoenvolvimento é a incapacidade de agirmos e nos envolvermos profundamente com algum de nossos muitos vínculos institucionais, que via de regra são voluntários. E quando não são voluntários (caso de educadores contratados ou liberados para a militância), a obrigatoriedade ganha tônus.
3. Quando assumo uma causa, me comprometo com ela. Se sou contratado, isso se torna um vínculo empregatício e a obrigação passa a ser totalmente aceitável, óbvia e útil. Contudo, falo de outro tipo de obrigação. Seja voluntária ou com percepção de renda, a pessoa engajada socialmente o faz por um forte desejo de transformação da realidade em que vive. Em determinado momento (que momento? me ajudem a descobrir), esse desejo transmuta em obrigatoriedade. Nossa identidade coletiva (instituições), percebe nosso pseudoenvolvimento e cobra veemente que, obrigatoriamente, nos envolvamos de fato. Ocorre que, quando as coisas se tornam obrigatórias elas perdem o sentido de militância e decaem para o nível de tarefas - consequentemente, e essa é a grande denúncia, torna-se um processo de alienação.
A postura que, avalio, me cabe adotar e sugerir até agora é o envolvimento por completo naquilo que integra minha identidade como pessoa-instituição (e não o que as instituições delegam por tabela), cedendo o que a civilização me solicita, mas rechaçando profundamente toda obrigação externa por meio de um caráter propositivo pessoal que compreende a necessidade de reunir em mim o que está disperso por conta da fragmentação nos movimentos populares, como nos setores e segmentos da sociedade (empresarial, governamental, filantrópico, religioso etc).
Esta última parte daria um outro texto sobre a fragmentação da identidade (remetendo à Stuart Hall) por conta dessa característica cultural pós-moderna. O que, para mim, por hora, pode ser combatido com o reforço de novas formações de identidade, que seguem o fluxo mítico da internet, para além da rede de computadores.
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