Pular para o conteúdo principal

No escuro


ou Agonia.
ou Medo do escuro.
Quando era criança fui ensinado a ter medo do escuro (DO ESCURO – ressalta agora em voz áspera de morcego). Ego inflado, atado, medo comprado. Ado, os machados. Achados e perdidos do céu. Meu réu sou eu. Eu disse que escolheria. Ele ria, riam todos de mim. Minguados apoiadores. Odores e calores nus. Cruz como cruzes sem ornamento. Pensamento irreflexo e calo no escuro. Eu calo e nasce outro calo. Ser ralo no escuro. Duro senso do oposto. Rosto sem sombra, sem luz, nem pus, nem lepra, nem festa, me resta contar 1, 2, 3 e rezar com ninguém. Amém. Aném... aflito dito o mito e solto um grito. Faço novo rito e finjo ser sozinho. Só no escuro posso brilhar. O ar, as palavras e minhas meias é só o que eu só posso sentir. Rir e ir, porque tá escuro. No muro, curo o fato fútil. Só no escuro posso brilhar. TE VEJO BRILHAR! Só no escuro. Urro, urr, ru (tosse). Só no escuro.

Comentário e história do texto:
É... também acho que poderia desfazer o parágrafo e reorganizar em versos. Mas foi no escuro, a poesia. Foi. E desmembrá-la agora é desleixar o clima da escrevinhação: mil vezes mais agoniante que a leitura.
No escuro, só o brilho verdadeiro pode ser visto. O brilho da energia que eu posso transmitir.

Comentários

  1. Engraçada essa rima.

    Essa coisa de sermos ensinados a temer as coisas é algo a se concertar. Muitas vezes nos ensinam coisas erradas como sendo certas.

    Esses textos servem para falarmos de nós mesmos de um jeito que somente a gente entende.

    ResponderExcluir
  2. Caríssimo e precioso amigo

    Hoje minha visita é para agradecer
    o presente que é para mim
    a sua amizade,
    e também desejar
    um maravilhoso Natal,
    onde possas encontrar nestes dias
    ainda mais inspiração
    para a alegria de ser feliz,
    e para o milagre de fazer
    quem passa por tua vida feliz.

    Que o teu olhar seja a mais perfeita
    luz do Natal a enfeitar o mundo.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Um relato de gratidão sobre a arte de Yashira

Quando eu era pequeno, lembro de ver a Yashira nas ruas de Palmelo. Ela era a louca e eu tinha medo dela, mas achava curioso. Uma parte de mim queria se aproximar dela, foi a parte que depois me levou a fazer curso de teatro e, quando eu atuava, eu lembrava um pouco dela e das performances que ela promovia nas ruas da cidade. Aí eu comecei a entender que era arte o que ela fazia. Mas era uma arte muito estranha, eu não achava bonito. Comecei a achar bonito quando me envolvi ativamente com movimentos ambientalistas durante uns cinco anos e vi que tudo o que ela fazia como arte era sustentável e que ela tinha uma mensagem ecológica. O ativismo dela não era pautado em um coletivo de políticas públicas como o meu, era um envolvimento por inteira. Junto, era uma causa espiritual. Eu entendi isso quando, espírita que sempre fui, tentava compreender o que era mediunidade em mim e ouvi ela dizendo que tudo era mediunidade nela. A arte, a ecologia, a espiritualidade... expandindo mutuamente s

Uma lição de um Desaguar: a profissionalização do ator

A 13ª Mostra Desaguar do Centro de Educação Profissional em Artes Basileu França, que apresentou os espetáculos teatrais de formatura de alunos-atores nos dias 18 a 22 de novembro de 2014, me mostrou um pouco do que talvez eu apenas suspeitasse durante meus dois anos de estudo neste Teatro-Escola e me recordou importantes referências vivas e cotidianas durante meu processo de formação. Na verdade, sou especialista de generalidades humanas. Estudo comunicação e teatro, coisas que todo mundo nasce fazendo, coisas sem as quais a humanidade não seria. Atividades profissionais que sempre causam controvérsias burocráticas. O jornalismo perde seu diploma e todo mundo já fez 'teatrin'. Meu pêndulo balança muito para a comunicação popular e para o teatro do oprimido... Minha experiência até agora já me deu suficientes provas de que, como ferramentas pedagógicas, são libertadoras da condição humana. Por outro lado, meu pêndulo percebe o artista em si mesmo e sua investida profis

Por quê as faculdades particulares devem ser explodidas

Pelo mesmo motivo que o mundo deve explodir. Como dizem que deve ser... apocalipse mesmo. Lançar o fogo e arar a terra para receber novo plantio, cultivar (de cultura). Sim, eu sei que não é algo que um presidente de centro acadêmico em uma instituição particular costuma falar, mas eu acho que as faculdade particulares deveriam explodir! Até a que eu estudo, claro! Sim, eu também sei que as universidades públicas são cheias de problemas e que seus alunos tem a leve impressão de que as particulares são melhores porque a verba depende apenas de iniciativa privada. Ai é que começa o problema. O Cristiano Cunha, companheiro anapolino e amigo de movimentos sociais, uma vez disse: "A cultura é o problema". Eu, como todos na ocasião, não entendi. Nos últimos dias, tenho compreendido melhor. Nas faculdades particulares, cultiva-se apenas o "estuda ai e faça nosso nome acadêmico" enquanto isso eles ganham dinheiro, mesmo que jurem de pés juntos não ser a motivação