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Um relato de gratidão sobre a arte de Yashira

Quando eu era pequeno, lembro de ver a Yashira nas ruas de Palmelo. Ela era a louca e eu tinha medo dela, mas achava curioso. Uma parte de mim queria se aproximar dela, foi a parte que depois me levou a fazer curso de teatro e, quando eu atuava, eu lembrava um pouco dela e das performances que ela promovia nas ruas da cidade. Aí eu comecei a entender que era arte o que ela fazia. Mas era uma arte muito estranha, eu não achava bonito. Comecei a achar bonito quando me envolvi ativamente com movimentos ambientalistas durante uns cinco anos e vi que tudo o que ela fazia como arte era sustentável e que ela tinha uma mensagem ecológica. O ativismo dela não era pautado em um coletivo de políticas públicas como o meu, era um envolvimento por inteira. Junto, era uma causa espiritual. Eu entendi isso quando, espírita que sempre fui, tentava compreender o que era mediunidade em mim e ouvi ela dizendo que tudo era mediunidade nela. A arte, a ecologia, a espiritualidade... expandindo mutuamente s
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O 16° Vaca Amarela foi a pior edição de um festival independente em Goiânia

Dois dias de festival em Goiânia. Sexta e sábado (22 e 23 de setembro). O segundo dia ainda virá, mas já é possível e necessário decretar o que foi essa 16° edição do Vaca Amarela, no Palácio da Música do Centro Cultural Oscar Niemeyer: ruídos, ineficiência e queda total dos equipamentos de som por repetidas vezes; inúmeros assaltos relatados no ambiente do festival, sem atendimento da produção; logística básica para o comércio de bebidas totalmente equivocada; atrasos, gafes e falta de profissionalismo da produção no palco; além de inúmeros problemas prévios de informação ao público. O contraponto foi o talento, profissionalismo e empatia dos artistas diante do público e da (des)organização. Nem artistas, nem público mereciam o descaso e o despreparo da produção neste ano. Pabllo Vittar é mesmo todo aquele furacão que foi noticiado no Rock in Rio. É uma cantora incrível, com performance única e sensível. Reergueu o show inúmeras vezes, mesmo depois de problemas com a abertura da cor

véspera urgente

vejo um arrastão só de vento sucumbir na minha seriedade é um susto que ainda vem mas não veio: sobriedade. algo está para acontecer, sinto sinto isso há alguns anos, é verdade é véspera suspeita, incompleta é só e sempre ela, ansiedade? mas, ta: nada mora sem lar acuso o vento, recuso a pressa, elejo o mantra: "o que eu sou, eu sou em par não cheguei, não cheguei sozinho" (trecho de Lenine em "Castanho").

Alterus

- Eu o compreendo. - Mas entender um problema não é suficiente para resolvê-lo - retrucou seu ímpar. - Pelo menos ameniza a situação. Só assim é possível, para mim, relevar suas ofensas. Alterus retirou o leite do fogo e, no primeiro copo, despejou um pouco mais do que restaria para o seu segundo. Pensava no maior mandamento da lei de Deus, o ditado pelo Cristo, "amar o próximo como a si mesmo". Cai bem. Para um café da manhã, de pão, rosca e fruta, a bebida láctea cai bem: digere e fermenta. Se é possível fermentar um novo dia, é porque já foi digerido o que antes se engoliu. Claro, também aqui há dualidade: alimenta, mas às vezes empazina. Ontem, empanzinou: imagem da internet Criatura, prostrou-se como criado. É que logo que avistou sua mãe, a contemplou como genitora. Décadas depois da primordial iluminação mundana, reconheceu-se naquele mesmo ontem como uma cria que usava saias. - Não! Este não é você - rechaçou a mãe. - Hoje, eu uso saias. - Por qu

Espaço

JD, 13/01/2017 Altura e peso moram em metros cúbicos sobre andares ou terrenos e trabalham onde cabem seus conhecimentos, representam as classes colocadas nas culturas, cavucam enxada suada para replantar a ancestralidade, penetram nos buracos que, atiçados, se ampliam, dançam nas tribos, nas boates, nas rodas de samba, de punk, de ciranda... girando no azul da Terra, nos lares siderais. O conceito é físico, o concreto é social e o conjunto é poético. Newton, Bollnow e Bachelard, obrigado. Mas, só fui entender o que é espaço quando invadiram o meu. Fonte da tela sem título: Fabiano Devide, RJ, 2014 -http://fabianodevide.blogspot.com.br/p/pinturas-serie-janelas-acrilica-s-tela.html?m=1

Técnica de assoprar meu ar

A gente assopra, assopra enquanto têm fôlego. O ar que esfria o café também aquece o corpo quando o dia é frio. Um sopro é agora o sussurro do vazio que enche o ego. O ar com que falo o que é também faz doer o oco de onde veio o fôlego pra dizer o dito. O sopro assovia, acende churrasqueira, apaga vela, apita. Mas sou eu quem assopro. Só posso assoprar o ar que tenho no peito. E posso também gritar.

Croquis

De tudo o que é bom, eu sei bem o começo. O lápis em riscos apontados sobre o papel desenharam uma imagem branda, branca. Era um homem nu que andava sem tropeços porque as pedras não lhe foram desenhadas e era chão o que estava lá, na folha branca. Nesse algum dos instantes surgiu um avesso e não é que do outro lado havia um pássaro que de tão leve e vil, voou sutil e aqui chegou? Enquanto o mundo virava a folha, o homem tentou se vestir porque era obtuso e precavido, com medo do que haveria ali, logo ali, do outro lado, algo como um bicho feroz. Sem uivos, berros ou mais movimentos bruscos, desvairou as ofegâncias para então desejar saber o que há por trás do mundo e parou. Porque de tudo o que é bom, eis o começo.