Pular para o conteúdo principal

Adele

Choveram amigos apresentando ou pedindo minha opinião sobre essa cantora britânica de soul. Acho que a primeira foi antes mesmo do 21 ser lançado. Minha melhor amiga paulista, Fabiele, já questionou afirmando: "Adele é boa demais, não é?"

A crítica acusou equanimidade escancarada ao resto do cenário musical (com razão), mas passou a repetir tanto que transformou Adele em um dos nomes mais pesquisados na internet em 2011, com cerca de 800 milhões de visualizações em seus vídeos no YouTube.

Li muitas críticas, escutei os dois álbuns de estúdio, vi os clipes disponíveis, presenteei meu irmão com o DVD ao vivo e fui assistir junto. Duas vezes pra não cair na crítica vazia com base apenas nos hits "Someone Like You" e "Rolling in the deep". Agora da pra opinar sem me arrepender.

As pessoas que me perguntaram nem devem querer mais minha opinião e provavelmente nem vão ler, dado meu atraso de meses para alguns casos. Vamos por tópicos que mais me incomodam no caso para não me perder em devaneios...

Feia foi o adjetivo que a coitada mais recebeu. Gente... para! Feia onde? Seus alienados nos padrões globo de beleza! Estamparam nas manchetes que Adele conseguia fazer sucesso só com uma boa voz e contrapunham isso ao fato de ser gordinha, como aspecto negativo. Na minha opinião, na real, a Adele é linda sem precisar mostrar os seios, a bunda e a barriga.

19 e 21 são seus dois álbuns de estúdio, inspirados em sua idade na época de produção. Poderiam ser até um álbum único. Nada mudou muito do soul molhado em folk e motown. Ouvi dizer que suas canções foram inspiradas em términos de namoro. Que coisa mais sertanejo-corno, não? #fail




Brancos kardecistas - Um certo crítico musical me veio com essa. Disse que Adele só agradava famílias de brancos kardecistas de classe média alta. Exceto o "alta", me enquadro nisso, mas não vejo motivos para essa colocação. Até porque, se formos usar embasamento teórico, a voz e o estilo dela vem da boa música negra.

Winehouse - Só no Brasil, há o fenômeno do espaço reservado. Uma celebridade deve substituir outra no mundo global. Amy Winehouse morreu. Era branca com voz de negra e cantava soul. Adele também. São bem diferentes. Sou mais a primeira. Mas tem gente apostando que são iguais. Never.

"Rolling in the deep" foi feita para ser single. Envolvente e bem ritmada. Com a voz sensacional dessa mulher, com o carisma persona que ela já demonstrou ter no palco e com o empurrão da crítica que quanto mais late, mais eleva, Adele segue 'rolling' não mais 'in the deep', mas 'in the success' até que chegará o dia de cair e ser esquecida das novelas da Globo. Poderá ser salva do triste fim se sua produtora continuar instigando a crítica ou se apostar em algo bem novo perto de 19 e 21.


Comentários

  1. Caro amigo Damásio

    Não existe ano novo
    se não houver sonhos novos.
    Desejo que neste novo ano,
    cada dia de vida da sua história,
    seja vivido de modo calmo e pleno,
    e que possas viver
    o mais intenso caso de amor
    com a sua vida,
    e com os que fazem parte da sua vida.

    Aluísio Cavalcante Jr.

    ResponderExcluir
  2. A construção duma critica, como esta, se dá com desempenho de pesquisa. Que pesquisa! E, uma investigação bem feita, é o segredo para um texto coerente e bem construido. Esse texto, foi abraçado pelo segredo.

    Parabéns, senhor Damasio.

    Yago Sales

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Um relato de gratidão sobre a arte de Yashira

Quando eu era pequeno, lembro de ver a Yashira nas ruas de Palmelo. Ela era a louca e eu tinha medo dela, mas achava curioso. Uma parte de mim queria se aproximar dela, foi a parte que depois me levou a fazer curso de teatro e, quando eu atuava, eu lembrava um pouco dela e das performances que ela promovia nas ruas da cidade. Aí eu comecei a entender que era arte o que ela fazia. Mas era uma arte muito estranha, eu não achava bonito. Comecei a achar bonito quando me envolvi ativamente com movimentos ambientalistas durante uns cinco anos e vi que tudo o que ela fazia como arte era sustentável e que ela tinha uma mensagem ecológica. O ativismo dela não era pautado em um coletivo de políticas públicas como o meu, era um envolvimento por inteira. Junto, era uma causa espiritual. Eu entendi isso quando, espírita que sempre fui, tentava compreender o que era mediunidade em mim e ouvi ela dizendo que tudo era mediunidade nela. A arte, a ecologia, a espiritualidade... expandindo mutuamente s

Uma lição de um Desaguar: a profissionalização do ator

A 13ª Mostra Desaguar do Centro de Educação Profissional em Artes Basileu França, que apresentou os espetáculos teatrais de formatura de alunos-atores nos dias 18 a 22 de novembro de 2014, me mostrou um pouco do que talvez eu apenas suspeitasse durante meus dois anos de estudo neste Teatro-Escola e me recordou importantes referências vivas e cotidianas durante meu processo de formação. Na verdade, sou especialista de generalidades humanas. Estudo comunicação e teatro, coisas que todo mundo nasce fazendo, coisas sem as quais a humanidade não seria. Atividades profissionais que sempre causam controvérsias burocráticas. O jornalismo perde seu diploma e todo mundo já fez 'teatrin'. Meu pêndulo balança muito para a comunicação popular e para o teatro do oprimido... Minha experiência até agora já me deu suficientes provas de que, como ferramentas pedagógicas, são libertadoras da condição humana. Por outro lado, meu pêndulo percebe o artista em si mesmo e sua investida profis

Por quê as faculdades particulares devem ser explodidas

Pelo mesmo motivo que o mundo deve explodir. Como dizem que deve ser... apocalipse mesmo. Lançar o fogo e arar a terra para receber novo plantio, cultivar (de cultura). Sim, eu sei que não é algo que um presidente de centro acadêmico em uma instituição particular costuma falar, mas eu acho que as faculdade particulares deveriam explodir! Até a que eu estudo, claro! Sim, eu também sei que as universidades públicas são cheias de problemas e que seus alunos tem a leve impressão de que as particulares são melhores porque a verba depende apenas de iniciativa privada. Ai é que começa o problema. O Cristiano Cunha, companheiro anapolino e amigo de movimentos sociais, uma vez disse: "A cultura é o problema". Eu, como todos na ocasião, não entendi. Nos últimos dias, tenho compreendido melhor. Nas faculdades particulares, cultiva-se apenas o "estuda ai e faça nosso nome acadêmico" enquanto isso eles ganham dinheiro, mesmo que jurem de pés juntos não ser a motivação