artigo publicado originalmente no Jornal O Hoje, em 1 de junho de 2011.
Ouço vozes amplamente coloridas. Você as ouve? São os sons da cultura goiana apresentando os tons e as cores da diversidade. Na mesma Goiânia da antiga “monocultura musical” do sertanejo universitário, há outro terreno fértil: a diversidade da música alternativa, que vai das danças do coco até o hard rock.
Umbando, Passarinhos do Cerrado, Gloom, Violins, Diego e o Sindicato, Mechanics, Mugo, Johnny Suxxx and fuking boys, Black Drawing Chalks... você os conhece? Eles fazem parte do cenário da pluralidade cultural goiana cada vez mais evidente.
Nestes últimos dias, o Centro Cultural Goiânia Ouro e o Projeto Vozes de Goiás, do SESC Cidadania, propiciaram encontros entre Umbando – que apresenta a melhor percussão e efeitos ao vivo que já vi – e Passarinhos do Cerrado – com figurino extremamente colorido, assim como os pássaros do cerrado, trazendo uma batucada elaborada com letras pensantes sobre nosso bioma. Teatros lotados... e ninguém ficou sentado. Como na letra dos Passarinhos: “Quem não canta, pode dançar”.
Não é nenhum mercado mágico. Produtoras musicais e artistas locais enfrentam dificuldades, principalmente financeiras e, mesmo assim, de alguma forma, este cenário alternativo está cada vez mais amplo e, portanto, diverso.
A inovação está, não somente na pluralidade cultural, mas na forma como as produtoras goianas lidam com público e artistas. Uma iniciativa interessante ocorreu no dia 24 de maio, no lançamento da Construtora Música e Cultura, com o projeto “Quanto vale o show?” O público entra, assiste aos shows e, na saída, dá uma nota (em dinheiro) para a banda que mais gostou. Cada um paga quanto acha que vale o show. O valor entre R$2 e R$100 vai direto ao caixa do artista escolhido.
Na internet, é possível acessar os conteúdos produzidos pelas bandas goianas. Destaco a importância de adquirir os discos físicos, pois são produtos de alta qualidade acessíveis financeiramente. A criatividade impera no design dos CDs e nas artes expostas nas camisetas que, de show em show, os próprios artistas vendem.
Os Centros Culturais Oscar Niemeyer, Goiânia Ouro, Martin Cererê e as melhores casas de show de Goiânia oferecem shows incríveis das bandas locais e já existe um público – do qual faço parte – que prefere valorizar a riqueza cultural local. A música goiana não tem um ritmo só.
Nunca ouvi rock de melhor qualidade que o da banda Violins. Diego de Moraes e Gloom interpretam teatral e deliciosamente suas músicas autorais. Enquanto os Passarinhos do Cerrado são coloridos (não como Restart, mas como verdadeiros passarinhos do cerrado), o ‘giz negro que desenha’ as músicas do Black Drawing Chalks apresenta o rock mais intenso cantado em inglês. Quando a intenção é descarregar as energias acumuladas, a receita é comparecer aos shows do Mechanics ou do Mugo, uma explosão energética.
Incentivos do governo de Goiás precisam ser mais pontuais, no entanto, ao que me parece olhando pelo lado de fora, visto que não sou músico nem produtor, sou apenas admirador, os espaços públicos estão abertos e funcionando para que a cultura goiana se expresse.
Com tantas opções, esse cenário musical não pretende competir com o sertanejo, que também é agregado à diversidade cultural. A música alternativa tem seu público. O melhor de todos os públicos para os melhores de todos os artistas. Não citei nem dez por cento dos bons músicos goianos e você já percebeu que não precisamos nem ir para o sudeste brasileiro curtir boas bandas, nem esperar por artistas globais na cidade, porque “Umbando de Passarinhos” faz de Goiânia a capital da música alternativa.
Muuuuito Massa João!
ResponderExcluirVocê vai longe, parabéns!
Vou não, vou não...
ResponderExcluirQuero ficar perto mesmo. Aliás, cada vez mais perto da cultura local, do local. Vendo "umbando de passarinhos"
Caro amigo
ResponderExcluirE diante da massificação
da cultura inútil,
é sempre bom ver
que os que acreditam
na diversidade
das palavras e dos sons,
não desistem
de se fazerem ouvir.
Que sempre
existam
sonhos em ti...