Resumo
Objeto: Agridoce – projeto paralelo entre Pitty Leone e Martin Mendezz (2010).
Material consultado: http://www.myspace.com/somagridoce
Trecho da crítica: O Som Agridoce trás melodias frágeis, com sonoridade super suave e fofa, com letras cantadas sutilmente, mas com conteúdo áspero e crítico, marca constante em qualquer trabalho de Pitty.
Qual é, oito ou oitenta? - 80
Este é, definitivamente, o ano das dualidades. A volta do preto e branco e dos vestidos de bolinha dos anos 60, as renovações técnicas na pintura, os clipes a duas cores, as retomadas da estilística pretérita e a clara junção dos opostos políticos, onde a novidade é retomar o velho como sagrado mesclando as novas possibilidades. Tudo e nada são tonalidades a serem experimentadas.
Muitos apostaram neste cenário e todos estes acertaram. Exemplo disto é Pitty na música brasileira. Após lançar o álbum “Chiaroscuro”, que claramente revela uma dualidade (claro-escuro em italiano) com singles descarados, conflitantes e contextualizados, apresenta um projeto paralelo junto ao guitarrista de sua banda, Martin Mendezz: Eis o Agridoce. Agridoce que fortalece ainda mais a teoria dualista unindo agri e doce.
O projeto já é muito elogiado nas redes sociais e nos programas de TV, além disto, surpreendeu a maioria dos fãs, inclusive eu, que nunca imaginávamos aquela roqueira dos gritos de guerra, das batidas pesadas e densas e da guitarra nervosa produzindo trabalhos tão sutis, como é o Agridoce.
Até o momento três músicas foram publicadas no MySpace do projeto e já alcançaram mais de 40 mil players. O Som Agridoce é simples: voz, violão e piano, sem produtora, gravado de forma caseira. A sutileza não implica facilidade, pelo contrário, fazer o “fofolk” que Agridoce se propõe é um grande desafio, ainda mais quando citam e se comparam a Nick Drake, Elliot Smith, Velvet Underground, Iron&Wine, Leonard Cohen, Jeff Buckley e Sean Lennon.
Mas tocando no tocante do ponto tocado, o Som Agridoce trás melodias frágeis, com sonoridade super suave e fofa, com letras cantadas sutilmente, mas com conteúdo áspero e crítico, marca constante em qualquer trabalho da cantora.
“Dançando” foi apresentada ao vivo via twitcan em junho a milhares de fãs. Com mais de seis minutos de duração seduziu e emocionou muita gente com o refrão marcantemente agridoce: “O mundo acaba hoje e eu estarei dançando”. Digerida a novidade, surge “Epílogos e finais” (olha a dualidade ai, gente!) narrando suavemente o brusco resumo das vidas humanas: Nascer, fazer aniversário, as festas de debutante, casamentos, camas de hospitais e funerais. Sem encerrar a empolgação “Romeu” vem puxar o clássico para uma contextualização tão melodramática quanto o original de Shakespeare, deixando aparecer certo romantismo, que outrora era criticado pela compositora, mas nada que sua antiga frase inserida em “Memórias (2005)” não esclareça: “eu sou uma contradição”. E “o importante é ser você”.
Martin e Pitty merecem 80 pelo Agridoce, pelo Chiaroscuro e pelo trabalho de constante inovação, algo que se reproduziu ainda mais forte este ano, o ano das dualidades.
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